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Como os CFOs podem confiar na criação de valor sem ter confiança nos relatórios?

Os investidores buscam uma história de valor bem fundamentada por parte dos líderes e confiança na entrega, mas uma nova pesquisa da EY descobriu que tanto os investidores quanto os CFOs têm suas dúvidas.


Em resumo

  • CFOs e investidores têm dúvidas sobre relatórios não financeiros e a capacidade de as empresas atingirem metas de sustentabilidade.
  • A credibilidade dos relatórios não financeiros está sendo prejudicada pelas percepções de lavagem verde.
  • Os CFOs devem agir agora para entender os requisitos dos investidores, redefinir os relatórios não financeiros e integrar a sustentabilidade na tomada de decisões financeiras.

Para investidores, há mais dificuldades em se prever o futuro. A adoção mais rápida da tecnologia e os riscos sistêmicos, como a disrupção climática, estão criando incertezas significativas. Identificar empresas capazes de suportar a volatilidade e, ao mesmo tempo, oferecer desempenho sustentado pode representar um desafio.

Agora, mais do que nunca, os investidores precisam de narrativas claras sobre como as organizações vão gerar valor a longo prazo e cumprir seus compromissos. Os CFOs desempenharão papel importante para moldar essas narrativas. Devem fornecer insights estruturados que diferenciem suas empresas no mercado, definindo como planejam equilibrar as pressões de curto prazo com as metas de longo prazo.

Isso é especialmente relevante na chamada "Era do E" — em que não há outra opção a não ser estabelecer equilíbrio entre vários desafios em paralelo. Na Era do "E", os CFOs devem definir como a empresa promoverá o desempenho sustentado a longo prazo e, ao mesmo tempo, de que forma gerenciará a volatilidade de curto prazo. Devem alocar capital com confiança para os promotores de crescimento de longo prazo, da inteligência artificial (IA) à sustentabilidade, ao mesmo tempo em que atendem às expectativas de desempenho de curto prazo.

Ao lidar com esses desafios de forma simultânea e com confiança, os CFOs podem se posicionar como parceiros estratégicos e confiáveis do CEO e do conselho de administração.

A pesquisa 2024 EY Global Corporate Reporting Survey (pdf) examina mais de perto esse imperativo. Ao entrevistar mais de 2.000 líderes financeiros e 815 investidores institucionais em todo o mundo, a pesquisa revelou profundas preocupações com sustentabilidade e transparência:

  • Apenas cerca de metade dos líderes financeiros e investidores pesquisados acredita ser muito provável que as empresas atinjam suas metas de sustentabilidade declaradas (47% para líderes financeiros; 53% para investidores). Esse ceticismo é reforçado pelas revelações do Barômetro de Ação Climática Global da EY de 2024, indicando que a qualidade das divulgações atuais acaba não demostrando que as empresas estão realizando ações substanciais para combater as mudanças climáticas. Consequentemente, o ritmo de transição está atrasado em relação à trajetória necessária para atingir o zero líquido até 2050 e cumprir os objetivos do Acordo de Paris de 2015. Isso sugere que as metas originais provavelmente eram ambiciosas demais e não tinham um plano para serem cumpridas. Em que pese tudo isso, os líderes financeiros podem desempenhar um papel importante na redefinição para algo mais confiável.
  • Mais da metade dos líderes financeiros pesquisados (55%) acredita que os relatórios de sustentabilidade em seu setor correm o risco de serem vistos como incluindo elementos da chamada “lavagem verde”, neologismo que indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações. O Barômetro Global de Ação Climática da EY apoia essa preocupação, destacando o medo de exposição a possíveis litígios dos principais stakeholders, incluindo investidores, decorrentes de reivindicações incorretas ou infundadas e a falha em cumprir a estratégia pretendida, bem como a relutância em fornecer muitas informações. Embora as divulgações sejam, sem dúvida, realizadas de boa fé, os líderes financeiros duvidam claramente que a revisão de due diligence tenha sido efetuada. Dada a rapidez com que os requisitos de relatórios e asseguração evoluem, oferecer divulgações confiáveis e verificáveis poderá em breve não mais ser passível de nenhuma negociação.

Este relatório de pesquisa oferece um plano para os líderes financeiros enfrentarem esses desafios. O relatório aponta para três prioridades: criar valor sustentado em um mundo em mudança, fechar a lacuna de confiança no tocante aos relatórios e aproveitar a análise financeira na era da IA.

Estes insights fazem parte da série EY CFO Imperative, que fornece respostas e insights críticos para ajudar os líderes financeiros a reformular o futuro de sua organização. Para mais informações, visite The EY CFO Agenda.

Pesquisa global da EY sobre relatórios corporativos, 2024

O relatório completo detalha informações essenciais sobre o cenário em evolução dos relatórios corporativos e seu impacto na estratégia de negócios.

 Empresário e empresária confiantes em um escritório verde
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Capítulo 1

Geração de valor sustentado em um mundo em mudança

Decodifique as expectativas dos investidores e integre compromissos não financeiros às decisões de alocação de capital.

Embora os líderes financeiros tenham construído uma reputação conquistada com dificuldade para proteger e otimizar valor, também devem estabelecer um plano para gerar valor e crescimento a longo prazo. Em resumo, eles compartilham uma responsabilidade estratégica pelo futuro da empresa.
 

Essa evolução se reflete no relatório 2024 EY Global DNA of the Financial Controller Report, que mostra os líderes financeiros focados em gerar valor a longo prazo. A pesquisa constatou que 86% dos controllers financeiros esperam que suas funções mudem até 2030, com 40% prevendo um maior foco na criação de valor. Da mesma forma, o relatório voltado a CFOs, 2023 EY Global DNA of the CFO Report identificou que mais de três quartos (78%) dos entrevistados afirmaram que “equilibrar de forma efetiva as compensações entre as prioridades de curto e de longo prazo constitui um desafio importante para os líderes financeiros”.
 

Como parte dessa ampla responsabilidade, os líderes financeiros estão reconhecendo a necessidade de adotar dados não financeiros como um fator de alto desempenho no longo prazo. Esse adendo ao escopo do CFO se reflete nas perguntas que os investidores fazem. Mais de dois terços dos líderes financeiros pesquisados (69%) declaram que os investidores fazem mais perguntas sobre fatores não financeiros relacionados a valor agora do que há dois anos.


A sustentabilidade é a área de foco mais proeminente, e os CFOs podem desempenhar um papel central na integração de riscos e oportunidades de sustentabilidade, tanto na tomada de decisões como na alocação de recursos e capital, de acordo com as principais prioridades.
 

Os CFOs devem fazer uso de sua experiência e conhecimentos para detectar e interpretar o interesse dos investidores na sustentabilidade. O engajamento dos stakeholders pode ser importante, até porque, como admitem os investidores, eles nem sempre têm clareza sobre como avaliam as empresas em relação às prioridades materiais e sobre as informações que desejam para a tomada de decisões de investimento.


Integração da sustentabilidade como forma de promover valor a longo prazo

No geral, menos da metade dos líderes financeiros pesquisados (47%) acredita ser “extremamente provável” que sua organização cumpra suas principais prioridades de sustentabilidade e as metas estabelecidas, como atingir zero líquido no prazo previsto. "


Pode haver vários motivos pelos quais os líderes financeiros trazem suas dúvidas. Podem achar, por exemplo, que, em primeiro lugar, os compromissos eram muito ambiciosos.

“À medida que os CFOs se envolvem mais nos relatórios de sustentabilidade, a sua consciência da imaturidade dos mecanismos de relatórios usados na área não financeira claramente tem aumentado”, sugere o Dr. Matthew Bell, Líder Global de Serviços de Mudança Climática e Sustentabilidade da EY. “Embora seja relativamente fácil para uma organização estabelecer uma meta ambiciosa de sustentabilidade, quando os líderes financeiros começam a se aprofundar nos dados — e percebem o quanto precisa ser feito para se atingir uma meta — sua tendência conservadora talvez comece a se manifestar, com um ceticismo saudável sobre a capacidade da organização de cumprir esses compromissos.”

À medida que os CFOs se envolvem mais nos relatórios de sustentabilidade, sua consciência da imaturidade dos mecanismos de relatórios utilizados na área não financeira aumenta.

Esse ponto identificado também suscita a questão de saber se as empresas estão priorizando o desempenho dos lucros de curto prazo em detrimento dos compromissos de longo prazo. Mais de um quarto dos CFOs do Grupo pesquisados (29%) declararam que o investimento de capital em sustentabilidade diminuiu nos últimos 12 meses. EY Global DNA of the CFO Survey (Pesquisa EY, DNA do CFO) revelou que os programas de sustentabilidade são classificados como a mais importante prioridade de investimento a longo prazo para os CFOs, mas são também a iniciativa mais provável de ser descartada ou interrompida para que as metas de lucros a curto prazo sejam atingidas.

Essa tendência pode comprometer a confiança de longo prazo na capacidade de uma empresa de fato executar e cumprir suas orientações e compromissos. Os investidores já expressam essa incerteza: apenas 53% dos entrevistados acreditam que é muito provável que as empresas em seus mercados primários atinjam suas metas.

Ao comentar sobre esse desequilíbrio entre os objetivos de curto e longo prazo, 80% dos investidores entrevistados concordaram que “as equipes executivas são muito rápidas em tomar medidas destinadas a gerar lucros de curto prazo ou atender às diretrizes referentes a lucros trimestrais”.

Os investidores esperam que os CFOs atuem como um contraponto a essa tendência, valendo-se de sua credibilidade, influência e relacionamentos existentes para incentivar o CEO e a equipe executiva a adotar uma visão de longo prazo. No entanto, a pesquisa EY Global DNA of the CFO Survey descobriu que nem todos os líderes financeiros estão dispostos a expressar suas opiniões o tempo todo. Menos de um terço dos entrevistados (32%) “sempre” se manifestam quando suas opiniões divergem do consenso, e apenas 30% dos entrevistados sempre questionam fortemente os membros da equipe executiva quando divergem sobre uma questão importante.

Se a intenção do CFO é influenciar a equipe sênior, deve elaborar uma análise bem fundamentada e baseada em evidências das vantagens e desvantagens de diferentes decisões de alocação de capital. No entanto, quando analisamos os entrevistados que estavam em uma função de CFO (CFOs de grupo, divisões e regiões), esse segmento estava particularmente preocupado com o fato de eles “carecerem de dados e métricas que permitam ao CFO cumprir seu importante papel na alocação de capital para prioridades de sustentabilidade”.

Isso reflete os desafios de medir e avaliar o valor das iniciativas de sustentabilidade. Por exemplo, um investimento climático pode fornecer valor financeiro, mas também valor planetário e para o cliente. Os prazos para a criação de valor também variam: um investimento climático só pode fornecer um retorno financeiro a médio e longo prazo. A entrega de valor financeiro talvez exija que a tecnologia avance o suficiente para viabilizar a escalabilidade.

A chave consiste em criar um portfólio equilibrado. Iniciativas que geram valor financeiro podem subsidiar as que causam impacto planetário positivo, mas um retorno financeiro incerto. O 2022 EY Sustainable Value Study  [Estudo de Valor Sustentável da EY de 2022] descobriu que, em média, mais de um terço das iniciativas climáticas (37%) terão retorno financeiro positivo ao longo de sua vida útil, criando uma base para apoiar as que fornecem valor planetário, ao cliente ou outras formas de valor.

Recomendações

Os líderes financeiros devem tornar seu processo de alocação de capital o mais transparente possível, tanto interna quanto externamente. Internamente, devem ajudar os líderes das unidades de negócios a entender quais áreas de investimento contribuem para a estratégia de longo prazo e têm maior probabilidade de receber capital. Externamente, os CFOs devem comunicar aos investidores a estrutura para decisões de capital de longo prazo. Uma abordagem unida entre a liderança e o conselho de administração reforça a importância do foco a longo prazo. Essa dinâmica colaborativa pode ser crucial, conforme explorado em: Como os conselhos podem preencher a lacuna entre a ambição e as ações de sustentabilidade? , que destaca o papel coletivo na incorporação de práticas sustentáveis na estratégia corporativa.

 mulher confiante lidera a equipe apresentando ideias
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Capítulo 2

Redução no déficit de confiança referente aos relatórios

Mude a mentalidade para exigir uma abordagem ambiciosa de relatórios e garantias de sustentabilidade.

Os investidores devem ter a expectativa de que possam confiar nas informações de sustentabilidade constantes dos relatórios corporativos. No entanto, a pesquisa constatou que até os próprios responsáveis por sua elaboração têm dúvidas. Mais da metade dos líderes financeiros pesquisados (55%) acredita que os relatórios de sustentabilidade em seu setor correm o risco de serem percebidos como elementos de lavagem verde.


Essas dúvidas podem refletir a relativa imaturidade dos relatórios de sustentabilidade quando comparados aos métodos sofisticados utilizados nos relatórios financeiros. As empresas tomaram por base várias estruturas, elaboradas de forma voluntária, de relatórios de sustentabilidade e as métricas ainda estão evoluindo. Embora as empresas possam estabelecer metas e relatar o progresso de boa fé, os líderes financeiros claramente têm dúvidas de que as divulgações sejam apoiadas pela devida diligência, dados e processos necessários.

“Minha experiência é que a liderança financeira está preocupada principalmente com a falta de relatórios rigorosos e com base em dados”, observa a Dra. Velislava Ivanova, Líder Global de Estratégia e Mercados de Serviços de Mudança Climática e Sustentabilidade da EY. “No passado, os profissionais de sustentabilidade produziam relatórios com uma ampla gama de stakeholders em mente, de colaboradores a clientes, que geralmente eram pautados por narrativas. Mas a área financeira aborda isso de um ângulo diferente: a experiência dessa área geralmente está relacionada a relatórios financeiros e regulatórios, nos quais você relata as informações de acordo com padrões obrigatórios e métricas definidas. Os líderes financeiros estão destacando a dificuldade de produzir divulgações de relatórios confiáveis devido à natureza altamente complexa dos tópicos de sustentabilidade e à enorme quantidade de dados confiáveis necessários para os novos relatórios obrigatórios de sustentabilidade.”

É provável que aumentar a confiança nos relatórios de sustentabilidade exija uma resposta integrada, que compreenda governança, comportamentos, regulamentações e asseguração. Os avanços na IA também podem desempenhar um papel importante nesse sentido.

Os líderes financeiros estão destacando a dificuldade de produzir divulgações de relatórios confiáveis devido à natureza altamente complexa dos tópicos de sustentabilidade e à enorme quantidade de dados confiáveis necessários.

Como navegar de forma bem-sucedida por regulamentações, padrões e asseguração no tocante a relatórios não financeiros

Os regulamentos e padrões para relatórios não financeiros representam uma oportunidade de criar confiança nas divulgações de sustentabilidade. No entanto, existe um risco se as empresas se concentrarem principalmente no custo e na complexidade das respostas aos novos regulamentos e padrões de apresentação de relatórios: 55% dos líderes financeiros pesquisados declararam que os custos seriam significativos e 44% disseram que seria um exercício altamente complexo. Se os líderes financeiros estão preocupados principalmente com o aumento dos custos e com os desafios representados por essa tarefa, poderiam adotar uma abordagem “de nível de exigência mais baixo” para tentar reduzir sua exposição.

Uma abordagem de baixo grau de exigência se concentra na conformidade. Embora isso cubra o requisito essencial de alcançar a conformidade com uma regra obrigatória, provavelmente não conseguirá estabelecer um forte vínculo entre sustentabilidade e criação de valor. Concentrar-se nas implicações de custo das regulamentações de relatórios de sustentabilidade significa admitir, de forma tácita, que a empresa não considera a sustentabilidade importante para sua prosperidade a longo prazo e, portanto, é improvável que a integre à estratégia corporativa e ao sistema de gerenciamento de riscos corporativos

Construção da confiança dos stakeholders nas informações não financeiras

Quase três quartos dos investidores pesquisados (74%) declaram que a asseguração externa de um terceiro independente aumentaria sua confiança na credibilidade e precisão dos relatórios não financeiros de uma empresa.

No entanto, há dúvidas quanto a constatar se os dados não financeiros das empresas estão prontos para serem examinados por uma avaliação independente de terceiros. Quase todos os líderes financeiros pesquisados (96%) observam alguns problemas com os dados não financeiros que recebem para apresentar relatórios.


As mudanças para regimes obrigatórios de relatórios de sustentabilidade — bem como a crescente importância da avaliação não financeira — estão nutrindo o interesse em uma função de controller de ESG dedicado à sustentabilidade. Mais de um terço dos líderes financeiros pesquisados (36%) já tem alguém no cargo e 58% dos entrevistados planejam estabelecer e preencher essa função (esses 58% são compostos por 26% que planejam instituir a função nos próximos 12 meses e 32% que buscam esse objetivo mais a longo prazo).

Recomendações

  • Para promover uma abordagem transformadora aos relatórios não financeiros, os líderes financeiros devem mudar a mentalidade. Podem começar alinhando as estratégias de relatórios com as metas de sustentabilidade da empresa e outras iniciativas de transformação. O envolvimento com o CEO e líderes, como o diretor de estratégia, pode ajudar a elevar a discussão sobre relatórios de sustentabilidade, indo além da conformidade e integrando-a a metas estratégicas mais amplas. A estreita colaboração com os profissionais dedicados à sustentabilidade é fundamental.
  • Para empresas nos estágios iniciais da asseguração não financeira, um exercício de preparação para essa asseguração pode revelar lacunas nos dados, controles e processos ao submeter divulgações de sustentabilidade selecionadas a um processo limitado de asseguração. Isso prepara as empresas para futuros regimes de asseguração obrigatória.
  • Os CFOs devem buscar controllers ESG com um amplo conjunto de habilidades. Além das habilidades financeiras, o controlador de ESG deve ter forte experiência em dados e tecnologia e ser adepto do trabalho colaborativo. As habilidades interpessoais são cruciais para trabalhar em todos os departamentos, compreendendo sustentabilidade, jurídico e cadeia de suprimentos. Indicar para essa posição alguém com habilidades comprovadas de parceria em negócios e uma rede forte pode proporcionar uma vantagem inicial.
 jovem empresária fazendo uma apresentação na sala de reuniões
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Capítulo 3

Transformação da análise financeira na era da IA

Os CFOs devem liderar uma transformação financeira mais ampla e centrada no ser humano.

Há dois imperativos para os líderes financeiros e suas funções financeiras de apoio. Primeiro, eles devem entender os requisitos dos investidores e criar uma narrativa de criação de valor convincente e factível. Em segundo lugar, devem incutir confiança nos investidores em seus relatórios de sustentabilidade.

Na medida em que os CFOs integram esses dois imperativos em seus planos de transformação financeira, a IA pode desempenhar um papel importante. A IA pode transformar a eficiência dos principais processos financeiros, fortalecer a eficácia da análise de dados e gerar insights que permitem a criação de valor. A pesquisa EY Global DNA of the Financial Controller destacou que os controllers já são usuários entusiasmados de ferramentas de IA, com 65% usando IA generativa (GenAI) com frequência.

Embora a “IA tradicional” consiga analisar informações numéricas, tabulares e estruturadas, por exemplo, e fazer previsões que são integradas a um relatório de business intelligence, a GenAI pode ir além disso. Pode funcionar com dados não estruturados, como gráficos, vídeo e código. E tem a vantagem de usar linguagem natural e aplicar o contexto com base em solicitações para oferecer previsões. No futuro, as empresas poderão utilizar cada vez mais essas ferramentas em conjunto.

A GenAI também pode promover melhorias significativas na produtividade da equipe financeira. Ela consegue resumir e comparar grandes quantidades de texto e informações em busca de inconsistências e avaliar a posição relativa de uma empresa em seu setor.

Há vários fatores de sucesso que os líderes financeiros devem considerar ao explorarem o potencial da IA:

1. Desenvolver bases sólidas de dados e tecnologia

Qualquer inovação de IA em finanças deve ser construída sobre bases sólidas de tecnologia e dados. No entanto, existem pontos fracos em ambas as áreas:

  • Dados: melhorar a qualidade dos dados utilizados para treinar sistemas complexos de IA pode acelerar seu avanço. No entanto, conforme mencionado anteriormente, 96% dos líderes financeiros relatam algum tipo de problema com a integridade dos dados não financeiros que recebem. A falha em estabelecer essa integridade pode comprometer a capacidade da IA de processar grandes quantidades de dados e gerar uma visão estratégica. Os líderes financeiros devem examinar como a GenAI pode ser utilizada para corrigir problemas de dados, para que esses problemas de dados não sejam utilizados como uma tática desnecessária de atraso pelas equipes.I Existem ferramentas GenAI que podem examinar conjuntos de dados e ajudar a identificar a área problemática. Isso pode acelerar significativamente a velocidade com que os problemas podem ser identificados e corrigidos.
  • Tecnologia: os desenvolvedores devem criar IA com base em tecnologia ágil e de alto nível. No entanto, apenas 32% dos líderes financeiros pesquisados afirmam que efetivamente dispõem disso, e 39% dos líderes financeiros pesquisados estão tendo que lidar com recursos limitados de TI.

2. Adotar uma abordagem responsável, pautada por princípios e trabalho colaborativo para criar confiança na IA

Embora o verdadeiro impacto da GenAI na área financeira ainda esteja emergindo, a tecnologia oferece um potencial empolgante para transformar a capacidade de análise de dados, desde a geração de previsões financeiras até a inteligência de negócios em tempo real.

Estabelecer uma estrutura para o uso responsável da IA provavelmente será essencial. Orientada pela estrutura de gerenciamento de riscos e pela experiência profissional do Instituto Nacional de Normas e Tecnologia dos EUA, a organização EY desenvolveu princípios básicos para ajudar a criar confiança na IA.

Esses princípios abrangem ampla variedade de áreas, desde a contabilidade até elementos constituintes da justiça. Quando se trata de “justiça”, por exemplo, a estrutura sugere que um sistema de IA deve ser projetado com os requisitos de todos os stakeholders relevantes em mente, para que os resultados não sejam distorcidos com relação a nenhuma parcela da população que se destina a atender. O impacto mais amplo dessa tecnologia deve estar totalmente alinhado com a missão e a ética organizacionais.1

3. Navegar pelas regulamentações emergentes de IA enquanto gerencia os fatores de custo e conformidade

Os líderes financeiros estão particularmente preocupados em manter os custos baixos, com mais de um terço dos líderes financeiros pesquisados (39%) vendo essa área como “muito desafiadora” quando se trata de desenvolver soluções com base em IA para análises e relatórios financeiros.

Parte da preocupação com os custos pode estar relacionada a outra área: mais de um terço dos líderes financeiros pesquisados (36%) acredita que é muito difícil garantir que qualquer ferramenta financeira de IA esteja em conformidade com as respectivas regulamentações. Os líderes financeiros talvez estejam preocupados com o fato de que o trabalho envolvido no gerenciamento de riscos (como a segurança de dados financeiros confidenciais) e na construção da conformidade possa aumentar significativamente os custos do uso da IA em âmbito financeiro.

Embora as jurisdições estejam adotando abordagens diferentes com relação à IA, existem princípios comuns, como focar nos riscos percebidos em relação aos valores fundamentais, à segurança e à transparência. Ao adquirir um entendimento dos princípios gerais, os líderes financeiros podem antecipar os requisitos de conformidade emergentes.

4. Adotar uma abordagem centrada no ser humano para capacitar as equipes financeiras para um futuro impulsionado pela IA

Adotar uma abordagem centrada no ser humano para a transformação financeira e a mudança cultural pode ser fundamental para concretizar o potencial da IA. No entanto, apenas 26% dos líderes financeiros pesquisados sentem que os líderes buscam rotineiramente a opinião dos membros mais jovens da equipe ao promover a transformação.

Curiosamente, a pesquisa descobriu que aqueles que já estão utilizando a IA na análise financeira e estão entusiasmados com seu uso em relatórios estão mais à frente na construção de uma cultura inovadora e centrada no ser humano:

  • Analisamos os 26% dos entrevistados em geral que buscam insights de membros mais jovens da equipe e examinamos como as respostas variavam de acordo com suas opiniões sobre IA.
  • Essa análise descobriu que aqueles que utilizam a IA em análises e estão entusiasmados com sua aplicação em relatórios têm maior probabilidade de envolver as gerações mais jovens: 41% desses “campeões” na área de IA buscam, de forma rotineira, a opinião de membros mais jovens da equipe.
  • No entanto, isso cai para 20% para aqueles que têm baixa maturidade em análise de IA e se demonstram reticentes em utilizá-la em relatórios.

Isso sugere que as empresas que incentivam a inovação, a abertura à mudança, a curiosidade intelectual e a vontade de confrontar suposições possam estar em melhor posição para acompanhar a agenda de IA em rápida mudança. Para os CFOs, pensar no vínculo entre a implantação da IA e a mudança cultural pode ser relevante.

Recomendações

  • Para criar as bases tecnológicas e de dados necessárias para apoiar a inovação em IA, os líderes financeiros devem se concentrar no fornecimento e na governança de dados financeiros e não financeiros e nos tipos de tecnologia necessários para coletar, integrar e consumir dados não financeiros, da nuvem às ferramentas específicas de análise de dados. Uma vez estabelecida uma estrutura adequada, as empresas podem criar uma visão de como a IA pode transformar a geração de insights.
  • Uma abordagem pautada por princípios da IA pode criar confiança. Embora as regulamentações de IA sejam diferentes de acordo com a jurisdição, os princípios fundamentais, como segurança e transparência, permanecem universais. Ao se manterem à frente desses princípios, os líderes financeiros podem se preparar para futuros requisitos de conformidade, ajudando suas empresas a evitar custos desnecessários, na medida em que incorporam proteções logo no início do desenvolvimento da IA.
 Foto de um empresário ministrando seminário de treinamento para sua equipe
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Capítulo 4

O caminho a seguir

Prioridades para os líderes financeiros promoverem a criação de valor sustentável e de longo prazo.

Os investidores precisam de uma compreensão mais clara de como as empresas estão gerando valor a longo prazo no mundo em rápida mudança de hoje. Os CFOs podem atender a esse requisito atuando em três áreas para preencher a lacuna de confiança dos relatórios e potencializar as tecnologias emergentes. Isso pode ajudar a transformar a análise financeira que sustenta a tomada de decisões e a elaboração de relatórios eficazes.

1. Evite um foco mais restrito ao abordar o risco de "lavagem verde" e o papel das finanças na melhoria de dados não financeiros

O setor financeiro pode trazer uma experiência significativa e implementar controles e políticas para melhorar a qualidade das divulgações de sustentabilidade. Mas o papel das finanças não deve se limitar a incutir disciplina. Os líderes financeiros devem definir o que constitui lavagem verde em seu setor, com base no ambiente regulatório e nas principais práticas do setor, e adaptar essa definição à medida que a agenda regulatória evolui.

No geral, o papel mais amplo das finanças é criar relatórios de sustentabilidade que articulem claramente a estratégia da organização e relatem, de forma consistente, o progresso que essa estratégia está obtendo. Dessa forma, as organizações evitam cair nas armadilhas comuns da lavagem verde. Ao integrar dados robustos de sustentabilidade na tomada de decisões, os líderes financeiros podem gerar melhores resultados e decisões de alocação de capital.

2. Crie uma imagem capaz de dar respostas aos riscos e desafios éticos da IA

Os CFOs devem ajudar a fornecer uma compreensão abrangente da oportunidade (valor) e do risco de casos específicos de uso de IA em finanças. À medida que essas ferramentas evoluem, é provável que surjam novas implicações éticas. Incentivar o debate na equipe financeira sobre a oportunidade e os possíveis impactos éticos da IA pode promover uma abordagem flexível e contributiva. Isso posiciona a ética da IA como uma jornada contínua, em vez de um destino.

Esse papel ativo no gerenciamento de riscos de IA reflete a importância geral dos CFOs para a inovação tecnológica. Líderes financeiros com visão de futuro não estão apenas integrando a IA em seus planos de transformação financeira e no futuro dos relatórios, mas também explorando novas oportunidades para transformar a tomada de decisões e a geração de insights no nível corporativo.

3. Abrace os desafios da mudança da cultura financeira com uma abordagem personalizada.

Existe um argumento de que as áreas financeiras podem encontrar dificuldades em mudar a cultura. Com frequência, há uma experiência significativa em finanças; as equipes refinam os processos ao longo de muitos anos e há uma compreensível aversão ao risco. Os líderes financeiros devem se concentrar na comunicação interativa, para que suas equipes se sintam parte do processo de mudança cultural e tenham segurança para manifestar suas dúvidas e apreensões. 


Pesquisa global da EY sobre relatórios corporativos, 2024

O relatório completo detalha informações essenciais sobre o cenário em evolução dos relatórios corporativos e seu impacto na estratégia de negócios.

Sumário

A Pesquisa Global de Relatórios Corporativos da EY de 2024 identificou que os investidores não estão recebendo com clareza as informações que buscam sobre os planos das empresas para a criação de valor no longo prazo. Os CFOs compartilham suas dúvidas sobre a credibilidade dos relatórios não financeiros e os compromissos com as metas de sustentabilidade.

Os CFOs devem desenvolver um engajamento mais profundo com os investidores, incorporar riscos e oportunidades de sustentabilidade à estratégia financeira e utilizar avanços nas regulamentações e garantias de relatórios para adotar uma abordagem aprimorada aos relatórios não financeiros. Isso poderia dar aos investidores confiança nas perspectivas de uma empresa de criar valor a longo prazo e consolidar a posição do líder financeiro como defensor da criação futura de valor.

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