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Os impactos das fusões e aquisições no setor de saúde suplementar


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Em Resumo

  • A consolidação do setor de saúde suplementar pode melhorar a eficiência operacional e o controle de custos.
  • Empresas adquirentes demonstram resiliência e maior qualidade assistencial, mas ainda enfrentam desafios no retorno aos acionistas.
  • Tempo e disciplina de execução são fundamentais para que a estratégia de consolidação traga resultados sustentáveis.

Nos últimos anos, o setor de saúde suplementar no Brasil tem passado por um processo intenso de consolidação, impulsionado por fusões e aquisições (M&As). Esse movimento, motivado pelo aumento dos custos assistenciais e pela estagnação do crescimento do mercado, visa melhorar a eficiência operacional e garantir a sustentabilidade financeira das empresas. Mas essa estratégia está, de fato, gerando valor para beneficiários e stakeholders?

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Para responder a essa questão, a EY-Parthenon realizou um estudo abrangente que avaliou quatro indicadores-chave no setor: qualidade da atenção à saúde, experiência do beneficiário, custo assistencial per capita e retorno sobre o patrimônio (ROE).

Os resultados revelam um cenário de avanços e desafios, indicando que a consolidação ainda precisa de tempo para demonstrar seu verdadeiro impacto econômico e assistencial.

O desafio da sustentabilidade no setor de saúde

O setor de saúde enfrenta desafios estruturais globais, incluindo o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas, que elevam consideravelmente os custos assistenciais. Dados do IBGE indicam que, nas próximas décadas, a população brasileira com mais de 65 anos triplicará, enquanto a prevalência de doenças como obesidade e diabetes segue em alta. Esse cenário pressiona operadoras a buscarem soluções para conter despesas sem comprometer a qualidade do atendimento.

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Consolidação e verticalização como estratégias de eficiência

Diante desse contexto, operadoras de planos de saúde adotaram estratégias de verticalização (integração da rede assistencial com hospitais e clínicas próprios) e consolidação (fusões e aquisições de outras operadoras). Desde a aprovação da Lei n° 13.097/2015, que permitiu a participação de capital estrangeiro no setor, o número de transações cresceu de 4 em 2014 para 49 em 2021, movimentando US$ 12,2 bilhões.

No entanto, o crescimento dos juros em 2022 desacelerou esse movimento, tornando o acesso ao capital mais custoso e reduzindo a quantidade de novas aquisições. Apesar disso, empresas de Medicina de Grupo, responsáveis por 93% das transações da última década, continuam liderando a transformação do setor.

Os resultados da consolidação: benefícios e desafios

A análise conduzida pela EY-Parthenon revela que as operadoras adquirentes apresentam avanços relevantes em alguns indicadores, mas também desafios:

  • Qualidade da atenção à saúde: operadoras que passaram por processos de aquisição mantiveram um desempenho superior à média do mercado, embora com flutuações nos anos seguintes às transações.
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  • Experiência do beneficiário: os índices de satisfação permaneceram acima da média, mesmo com oscilações durante o período de integração das novas aquisições.
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  • Custo assistencial per capita: nos últimos anos, as operadoras adquirentes demonstraram maior capacidade de controle de custos, sugerindo que a verticalização pode trazer ganhos de eficiência a longo prazo.
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  • ROE (Retorno sobre o patrimônio): apesar das eficiências operacionais, as operadoras adquirentes ainda não conseguiram superar a média do mercado em termos de rentabilidade para os acionistas. Entre 2017 e 2022, tiveram um desempenho inferior na maior parte do período, sugerindo que os ganhos financeiros da consolidação ainda levarão tempo para se materializar.
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Conclusão

A consolidação do setor de saúde suplementar no Brasil tem demonstrado potencial para gerar valor, especialmente em qualidade assistencial e eficiência operacional. No entanto, desafios persistem, particularmente no retorno financeiro para os acionistas.

Para que essa estratégia se traduza em um sucesso sustentável, é essencial que as empresas mantenham disciplina na execução, tempo para amadurecimento dos investimentos e foco na integração eficiente das operações adquiridas. Apenas assim poderá ser garantido um sistema de saúde mais eficiente e acessível para os brasileiros, ao mesmo tempo em que gera valor para investidores e demais stakeholders do setor.

Resumo

O setor de saúde suplementar no Brasil está se consolidando por meio de fusões e aquisições, buscando eficiência e sustentabilidade financeira diante do aumento dos custos assistenciais. Um estudo da EY-Parthenon aponta que, apesar de melhorias na qualidade do atendimento e controle de custos, a rentabilidade das operadoras ainda enfrenta desafios. Para que a consolidação traga resultados positivos, é fundamental que as operadoras integrem suas operações de maneira eficaz e mantenham disciplina na execução das estratégias.

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